Indústrias visitam agricultores da Rede de Ecomercado e desenvolvem novos produtos junto ao Instituto AUÁ

Cambuci, Uvaia, Araçá, Jerivá, Caraguatá, Jaracatiá, Gabiroba, Juçara, Cambucá, Cabeludinha, Grumixama e muitas outras, são frutas nativas da Mata Atlântica do Sudeste e Sul do Brasil, ricas em sabores e nutrientes. Porém, são desconhecidas pela população, desvalorizadas pelos proprietários rurais e sofrem ameaça de extinção junto com o Bioma e sua rica diversidade.

Felizmente, uma alternativa sustentável de desenvolvimento econômico está sendo construída em São Paulo, reunindo agricultores, indústrias, comércio, turismo, gestores públicos, pesquisadores científicos e organizações da sociedade civil.

Desde 2009 o Instituto AUÁ de Empreendedorismo Socioambiental coordena a Rota do Cambuci, que mobiliza mais de 100 mil pessoas por ano em Festivais Gastronômicos, em mais de 20 municípios e desde 2014 promove parcerias para geração de renda a partir da conservação dos recursos naturais e valorização das culturas locais, dando início à Rede de Ecomercado Mata Atlântica.

Agora, em agosto de 2020, foi o momento de colher os frutos destas parcerias, especialmente com as indústrias Sorvetes Rochinha, WeBev e Naturanic, cujos representantes realizaram um dia de campo e visitaram os sítios Nsa Sra de Lourdes, Chão D’água e Sto Agostinho, de pequenos produtores ligados à Cooperativa Agrícola Mista do Alto Tietê (CAMAT), além da própria sede da Cooperativa e do Empório Cambuci, nos municípios de Salesópolis e Paraibuna. A experiência veio consagrar a parceria para a introdução das frutas nativas nas suas linhas de produtos.


Respeitando as normas do isolamento social, as visitas foram realizadas em dias separados, mantendo o distanciamento mínimo e o uso de máscaras. A primeira a fazer as visitas foi a equipe de marketing do Sorvetes Rochinha, que em 07/ago esteve de manhã na Paca Polaca, cozinha parceira para fornecimento das geleias de Cambuci e de Uvaia adicionadas aos sorvetes de nata, que serão lançados em outubro próximo; e à tarde no Armazém Biomas, galpão logístico do Instituto AUÁ em Osasco, que reúne as frutas e polpas dos agricultores associados e as fornece para produção das geleias.

Já no dia 08/ago, seguiu junto com a equipe do Instituto AUÁ para os sítios e empreendimentos rurais, onde puderam conhecer os agricultores, suas plantações, produtos e histórias. Segundo Vinícius Sansana, gestor de marketing da marca paulista que é reconhecida por usar frutas de verdade em seus produtos, apostar em matéria-prima como as do Instituto Auá, além de uma inovação inédita, é entender a sustentabilidade e o apoio ao comércio local como fatores essenciais no consumo consciente.

“A parceria com o Instituto AUÁ chegou em um momento chave da nossa marca. Nascemos no litoral e a Mata Atlântica faz parte da nossa essência. Conseguir produzir um sorvete tão especial, com sabores que combinam com brasilidade, com a nossa história caiçara, e ainda potencializar pequenos produtores, é sem dúvidas uma ação assertiva e que nos honra muito”, ressalta Sansana;

No dia 26/ago, foi a vez dos representantes das indústrias WeBev, que produz Kombuchas (bebida probiótica de chá fermentado) com a marca Puro Verde e High Kombucha em São Paulo e Naturanic, recém criada por ex-executivos da Ducôco e um grupo de investidores, com o objetivo de comercializar Snacks, Spreads e Bebidas a partir de frutas orgânicas nativas brasileiras com foco nos mercados do Brasil, EUA e Europa.

Parceira desde 2017, a WeBev utiliza o Cambuci em um de seus produtos, mas agora pretende expandir a linha Agroflorestal Mata Atlântica com novos ingredientes nativos e contribuir com 2% da receita líquida da marca Puro Verde para expansão dos Sistemas Agroflorestais com nativas (Pomares Mata Atlântica) nas áreas dos agricultores associados do Instituto Auá, conforme contam Raphael Hennies e Cristian Nillesen:

“Desde o início do projeto atuamos com proximidade dos pequenos produtores e trabalhando para gerar renda e impacto socioambiental no cinturão verde de São Paulo. A visita realizada foi extremamente produtiva e nos empolgou muito para evoluir nossa parceria e aumentar o investimento em produtos com ingredientes nativos, destinando verba de toda a nossa linha de kombuchas Puro Verde para o reflorestamento da mata atlântica.

Para Flavio Fernandes da Naturanic, que vem há mais de 2 anos testando e desenvolvendo os produtos e deve lançar as novidades ainda este ano, a visita a campo representou um marco importante no processo: “Para a nossa empresa incentivar a produção de frutas nativas orgânicas nos diversos biomas brasileiros é parte central do nosso propósito. Encontramos na Mata Atlântica através da ajuda do Instituto Auá uma diversidade de frutas e produtores muito promissora. Estamos animados com o que vem pela frente!

Atualmente, o Ecomercado da Mata Atlântica reúne mais de 10 indústrias, 50 estabelecimentos gastronômicos e comerciais, 100 agricultores, 20 produtores artesanais e em 2020 foi reconhecido pelo Programa de Arranjos Produtivos Locais da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico de São Paulo. Para este 2º semestre espera-se safras de aproximadamente 20 toneladas de Uvaia, 10 de Juçara, 5 de Jabuticaba, 2 de Grumixama, 0,5 de Pitanga e alguns quilos de Cambucá, Cabeludinha e Cereja do Rio Grande. Para o 1º semestre de 2021, esperamos 5 toneladas de Araçá e mais de 150 toneladas de Cambuci.

A parceria com estas indústrias inovadoras, que apostam nos produtos saudáveis, saborosos e sustentáveis, se apresenta como uma importante estratégia para o cumprimento da missão de recuperar a nossa biodiversidade com o comércio justo.

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