Saiu na Mídia: Sem ter como escoar safra, produtores do Alto Tietê deixam de colher cambuci

Instituto Auá havia conseguido parcerias para venda dos frutos, mas pandemia do novo coronavírus impediu negócio.
Por Marcus Vinicius Anjos, Ana Carolina Oliveira e Fernanda Silva, Diário TV 1ª Edição – 

Confira a reportagem veiculada no Diário TV 1ª Edição no link: https://globoplay.globo.com/v/8677247/

Os produtores de cambuci do Alto Tietê preocupados porque quase toda a safra deve ir para o lixo e o prejuízo pode chegar a R$ 100 mil. A pandemia do novo coronavírus afetou a venda da fruta.

Na propriedade do agricultor Antonino Pedro Santos, em Salesópolis, a colheita da fruta foi bastante prejudicada. O cambuci, que seria vendido para escolas e restaurantes, está apodrecendo no chão.

“Não teve a saída do cambuci. Enchemos o freezer que cabe mais ou menos 500 quilos e fico parado. Não tem como colher e achamos melhor deixar no chão. Para não perder de tudo fizemos xarope que pode colocar na pinga e várias coisas. Fizemos 400 litros de xarope e aguenta de 2 a 3 anos. Temos 2 anos para vender esse xarope”, explica o agricultor.

Ele conta que há três anos a colheita do cambuci já vem enfrentando dificuldades. A pandemia só fez piorar a situação. Sem ter a quem vender, o agricultor preferiu não colher os frutos esse ano, porque não daria conta de armazenar e distribuir toda a produção.

Safra de cambuci do Alto Tietê encalha por causa de pandemia do novo coronavírus — Foto: Fábio Tito/G1

Safra de cambuci do Alto Tietê encalha por causa de pandemia do novo coronavírus — Foto: Fábio Tito/G1

O mesmo motivo levou outros produtores da região a fazerem o mesmo. Só em Salesópolis, a safra de cambuci deste ano estava estimada em 35 toneladas. Mas desse total, apenas 2 toneladas foram vendidas. “O cambuci de primeira eu vendo a R$ 6, e de segunda vende a R$ 5. Como perdemos umas 3 toneladas. dá uns R$ 18 mil. Fora o xarope que não sabe se vai vender ou não. Perigoso ter mais prejuízo.”

O freezer novinho é uma conquista que Antonino Pedro Santos exibe com orgulho. Como o fruto apodrece muito fácil, o freezer não é um luxo, mas uma necessidade. Ele veio graças a uma parceria do Instituto Auá com a Fundação Banco do Brasil, que investe nos pequenos produtores através de equipamentos e palestras de capacitação. “Esse ano felizmente conseguimos parceiros indústrias, prefeituras, merenda escolar, restaurantes, lanchonetes e outros comércios que garantiriam o escoamento da maioria absoluta da safra de Salesópolis e outros municípios do Alto Tietê e Vale do Paraíba. Mas infelizmente o efeito da pandemia sobre a economia começou no início da safra do cambuci em março. E esses parceiros comerciais suspenderam as compras. E 90% da safra não foi colhida”, explica Gabriel Menezes que é presidente do Instituto Auá.

A produção de cambuci encalhada entristece Leonardo Fonseca que faz parte da Cooperativa Agrícola Mista do Alto Tietê (Camat). A entidade reúne 200 cooperados, a maioria formada por produtores de eucalipto da região. Só agora, 30 anos depois de fundada, a entidade está se abrindo para os produtores de outras culturas, a exemplo do cambuci.

O núcleo de diversificação da cooperativa é o setor responsável por integrar os produtores. A ideia é deixar de lado a monocultura e diversificar cada vez mais a produção. Fonseca diz que a pandemia mudou todos os planos. Mas ele mantém o otimismo. “A cooperativa é trabalhar juntos, cooperativismo sempre na frente com transparência e prestação de contas.”

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