“A cidade que temos e a cidade que queremos”, pelo olhar do Jardim Ângela

Distrito importante da zona sul de São Paulo, com cerca de 500 mil habitantes, o Jardim Ângela realiza desde 2004 o encontro Fórum Social Sul, inspirado no Fórum Social Mundial, com o ideal de que um outro mundo é possível. E nos dias 30 e 31 de outubro e 1 de novembro, a comunidade, movimentos sociais, estudantes e lideranças de diferentes setores participaram do V Fórum Social Sul, com a missão de articular propostas em torno do tema “A cidade que temos e a cidade que queremos”.

O objetivo foi encaminhar propostas aos gestores públicos, permitindo que as demandas da região ganhem força e tomem corpo nas políticas públicas paulistanas. Assim, mais de 40 oficinas e debates, que aconteceram de forma descentralizada, permitiram a reflexão nas áreas de educação, juventude, segurança pública, cultura, meio ambiente e mobilidade urbana. E o Programa Ângela de Cara Limpa, da AHPCE em parceria com a Sociedade Santos Mártires não poderia ficar de fora. Seu trabalho precursor no campo da gestão de resíduos sólidos e da agroecologia urbana foi apresentado em oficinas abertas à comunidade.

“O Fórum é um espaço aberto para troca de experiências na região sul, visando encaminhamentos para melhorias concretas. É importante termos algo da região para a região, e nesse sentido, o Ângela de Cara Limpa é um exemplo de iniciativa que cuida do meio ambiente local com ações efetivas de conscientização da população”, opina Kênia Malves, captadora da Sociedade Santos Mártires, um dos organizadores do encontro.

O Ângela de Cara Limpa reúne uma série de projetos na zona sul, que visam inspirar práticas de desenvolvimento sustentável, envolvendo a comunidade e valorizando o indivíduo. São exemplo o Reciclângela, que coleta e separa mensalmente até 20 toneladas de matérias recicláveis, o Papel de Mulher, que agrega valor aos resíduos transformando papel em arte, e o Mudação, um empreendimento de agroecologia urbana, com geração de renda por meio do cultivo e comercialização de alimentos, além de reflorestamento e produção de adubo orgânico.

A programação contou com a abertura de Frederico Ramos (representando a pesquisadora Adaíza Sposati), que apresentou o “Mapa de Exclusão da Grande São Paulo”, plenária aberta com o pesquisador Mário Sergio Cortella sobre “Da Sociedade Globalizada para uma Cidade Humanizada” e Selvino Heck (do Movimento Fé e Política Nacional) sobre “A Cidade do Bem Viver na Partilha e no Poder”, entre outros palestrantes, além de um curioso sarau de cultura num dos dias.

Ao final, construiu-se uma carta, encaminhada ao Prefeito Fernando Haddad, com propostas em torno dos seguintes temas: implantação de bases comunitárias da polícia; efetivação da lei de criação das subprefeituras; cultura justa, popular e acessível; espaços de diálogo na família; educação de qualidade; qualidade de vida para todos e não apenas para alguns; e pelo fim do genocídio dos jovens pobres e negros da periferia. O Ângela de Cara Limpa também redigiu uma proposta, incorporada ao documento final, para implantação de um ecoponto de coleta seletiva no bairro, e uma série de atividades ligadas à gestão de resíduos sólidos.

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