21 de Março: Dia das Florestas, Dia da Vida

Bely Pires,
diretora-adjunta da AHPCE

As florestas têm um dia só para si, comemorado em 21 de março, mesmo que no passado já tenham tido dias melhores… A sequência de imagens de devastação do Estado de São Paulo*,  representa bem essa ideia:

A imagem deste texto reflete as mudanças no uso do solo paulista ao longo dos anos, incluindo agricultura, pecuária e urbanização.

Para começar, é sempre importante lembrar que as florestas fazem parte dos ecossistemas, definidos como conjuntos de organismos e elementos físicos e químicos do meio, todos interdependentes.

Em boletins anteriores, comentamos sobre a importância dos ecossistemas para a vida das pessoas, pois é deles que obtemos importantes benefícios como água, alimentos, madeira, clima e temperaturas adequados, lazer, princípios ativos para medicamentos e cosméticos, proteção contra deslizamentos e enchentes entre tantos outros. São os serviços ecossistêmicos.

Assim fica claro que as florestas são fundamentais para que o ser humano obtenha esses benefícios, como a provisão de madeira, essencial para nosso bem-estar. É a madeira que torna possível a produção de papel, móveis e peças de decoração, estrutura para barcos e navios, estruturas para a construção civil (andaimes e estruturas de telhados), casas de madeira, pisos, forros, além de disponibilizar compostos orgânicos utilizados na indústria química. O Estado de São Paulo é o maior consumidor de madeira tropical (incluindo madeira retirada da floresta amazônica), com 20% da demanda nacional.

A associação é imediata: para obter madeira, precisamos de árvores. Parece simples, mas nem todo serviço ecossistêmico pode de fato ser obtido da natureza, pois nossa legislação nem sempre o permite. O Código Florestal, que dispõe sobre o uso do território e sua cobertura vegetal, não permite que se retirem espécies nativas de árvores para a exploração comercial, sem a devida autorização de órgãos competentes. Por isso o pinus (espécie europeia) e o eucalipto (espécie australiana) são tão utilizados, e retirados de áreas chamadas reflorestamentos. O Instituto Florestal, da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (http://iflorestal.sp.gov.br/), faz diversas pesquisas com florestas nativas e reflorestamento, pesquisas estas importantes para o uso sustentável desse serviço ecossistêmico.

Contudo, ainda existe o uso criminoso da madeira nativa, que vai, por exemplo, parar em residências sob a forma de móveis e peças de decoração, contribuindo para a devastação das florestas brasileiras. Conhecer a procedência de produtos feitos de madeira e buscar certificações como o FSC (http://br.fsc.org/index.htm) é fundamental, pois a certificação reconhece produtos originados do manejo responsável das florestas.

Mais informações sobre o tema estarão disponíveis no livro a ser publicado este ano “Serviços Ecossistêmicos e Bem-estar Humano na RBCV” (organizado por AHPCE, Instituto Florestal e Fundação Florestal), no capítulo de Serviço Ecossistêmico de Provisão de Recursos Florestais Madeireiros e não Madeireiros , coordenado pelo Dr. Francisco Kronka.

(*) VICTOR, M.A.M., CAVALII, A.C., GUILLAUMON, J.R., SERRA FILHO, R., Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Cem anos de devastação: revisitada 30 ano depois. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. Disponível emhttp://www.historiaambiental.org/biblioteca/ebooks/cem_anos_de_devastacao_2005.pdf. Acesso em 07 de março de 2014.