Pesquisas atuais sobre a Uvaia e as frutas nativas em seminário exclusivo
Reconhecer que as frutas da Mata Atlântica são oportunidade de geração de renda, de recomposição da floresta e importante herança brasileira, foi o principal saldo do Seminário de Frutas Nativas e da XI Reunião da Associação Brasileira de Frutas Raras, que aconteceu na Esalq/USP, no último dia 5 de novembro. E principalmente, houve a exposição de importantes resultados parciais de pesquisas que caracterizam os “acessos” e a conservação dessas frutas após a colheita.
O que isso significa? Acessos são os caminhos ou possibilidades de existirem novas variedades para uma planta, a exemplo do que vem sendo descoberto para a Uvaia, a qual já se sabe possui uma diversidade de formatos, tamanhos e cores muito mais ampla do que as de um único tipo de planta.
“Essa fruta também possui enorme potencial de uso para a alimentação e nutrição humana, bem como para a indústria farmacêutica, pois descobrimos que é uma rica fonte de princípios bioativos, como os antioxidantes, aqueles que combatem os radicais livres e, portanto, podem prevenir o envelhecimento e ajudar na saúde”, explica Poliana Cristina Spricigo, que faz parte do grupo coordenado pelo professor Angelo Jacomino em torno das frutas nativas da Mata Atlântica, do Departamento de Produção Vegetal da Esalq/USP.
A visão de que os “acessos” abre possibilidades até então inéditas foi complementada pela apresentação da Rota do Cambuci como caso de sucesso, pelo gestor Gabriel Menezes, do Instituto Auá. “A união desses estudos científicos com a criação de parcerias no setor alimentício e industrial, realizada pelo Instituto Auá, poderá tornar nossa grande diversidade de frutas cada vez mais importante comercial e culturalmente”, diz Gabriel.
O responsável pela Bioflora, Guilherme Faganello, mostrou ainda que a metodologia de agroflorestas com frutíferas nativas vem recuperando importantes áreas no Vale do Ribeira. Para o professor Angelo Jacomino, é possível enriquecer a dieta da população brasileira com benefícios em termos de sabor, aroma, nutrientes e compostos bioativos, com as espécies da Mata Atlântica.
Seus estudos vêm permitindo conhecer a localização e o georreferenciamento dessas plantas em pequenas propriedades, fundos de quintais e na floresta nativa. Já foram analisados, por exemplo, mais de 100 pés de Cambuci, incluindo a avaliação de suas possíveis variedades. “Também está sendo realizada a caracterização molecular dessas plantas e a formação de bancos de germoplasma para preservação de sua diversidade genética”, diz.