ARRANJOS PRODUTIVOS E REDES COLABORATIVAS NA MATA ATLÂNTICA PAULISTA
Saiba como anda a pesquisa de Fernando Oliveira, um dos selecionados no Edital de Chamamento para Pesquisadores para a bolsa de pesquisa para o Projeto “REDE DE PRODUTORES DE CAMBUCI E NATIVAS DA MATA ATLÂNTICA”, nº 17223, do edital “ECOFORTE-REDES-2017” da Fundação Banco do Brasil.
A pesquisa, que teve início em setembro de 2019, partiu do pressuposto de que existam diversas experiências exitosas relacionadas a arranjos produtivos comunitários que potencializam a criação e/ou ampliação de redes de economia solidária dentro do Território da Mata Atlântica, em especial aquelas relacionadas a produção agroflorestal e ao turismo sustentável.
Para confirmar essa hipótese propôs-se o mapeamento das iniciativas comunitárias e/ou negócios sociais existentes na área abrangida pelo projeto “Rede de Produtores de Cambuci e Nativas da Mata Atlântica”.
Inicialmente, previu-se a realização de visitas técnicas e de entrevistas presenciais nos empreendimentos integrantes do escopo do projeto. Contudo, a necessidade de isolamento social gerada pela pandemia do Covid-19 impediu que essa estratégia fosse mantida demandando adaptações no método de pesquisa para que fosse possível coletar os dados através da aplicação de questionários e de entrevistas online. Assim, após um período de reorganização metodológica a coleta de dados se reiniciou no mês de julho/2020.
Os primeiros resultados indicam que a região possui imenso potencial econômico colaborativo capaz de gerar novos designs de negócios com impacto social positivo direto em comunidades e em estratégias de conservação da biodiversidade. Ao todo, existem ao menos 20 iniciativas e negócios sociais, sendo até o presente momento 4 iniciativas foram visitadas presencialmente, antes do estabelecimento da quarentena, nas cidades de Natividade da Serra, Salesópolis e Pindamonhangaba. No momento, 7 iniciativas responderam ao questionário online, totalizando 35% total de iniciativas e negócios sociais previamente mapeados.
A análise prévia dos resultados obtidos indica que todas as iniciativas e negócios sociais tem grande capacidade e potencialidade de compor uma rede colaborativa organizada de atuação nos segmentos do Ecomercado e do Turismo Sustentável na Mata Atlântica do Estado de São Paulo. Tal potencial relaciona-se diretamente com experiências e resultados obtidos anteriormente através da realização de ações e atividades ligadas ao projeto “Rota Turística do Cambuci”, evidenciando assim, que este talvez seja o modelo inicial para o desenho de propostas colaborativas visando ao desenvolvimento sustentável nas regiões de origem do Cambuci e de outras frutíferas da Mata Atlântica.
Devido a crise gerada pelo Covid-19 um recorte analítico específico pode já pode ser apresentado previamente: o foco no turismo sustentável sustentável que valoriza a cultura local e os modos de produção agroflorestal será uma alternativa de geração de renda viável no período pós pandemia. Nesse sentido, pode-se investir e fortalecer roteiros turísticos comunitários existentes e/ou criar novas rotas integradas que levem visitantes para conhecer propriedades rurais que trabalham com o manejo, beneficiamento e colheita de frutas nativas da Mata Atlântica, por exemplo. Embora exista grande potencial regional observou-se que as iniciativas locais existentes ainda estão fragmentadas fazendo com que todo potencial regional do turismo sustentável esteja subaproveitado.
A coleta de dados referente as iniciativas e negócios sociais prosseguirá ao longo do mês de julho existindo a possibilidade concreta de ampliação da amostragem para além da área abrangida pelo escopo do projeto.
Finalmente, com a proximidade da etapa de sistematização e disponibilização dos resultados da pesquisa iniciaram-se estudos visando a analisar os diferentes contextos atuais e a viabilidade econômica de se criar uma plataforma online, construída com ferramentas tecnológicas livres, para abrigar o mapeamento territorial, a cartografia social e uma base de dados consistente para pesquisas segmentadas, bem como, para conectar turistas conscientes a negócios e/ou empreendimentos sociais criativos que atuam nos destinos turísticos existentes na região. Num primeiro momento, tal desafio insere-se no território do projeto mas apresenta alto potencial de replicabilidade em outros territórios similares fortalecendo diretamente negócios sociais que facilitam a visitação em áreas naturais da Mata Atlântica. Possui ainda, alto potencial de geração de recursos financeiros para autossustentabilidade com base nos estudos prévios de viabilidade econômica relacionado a geração de receita recorrente através da oferta de produtos e serviços através dessa plataforma online.