Agricultores descobrem PANC, agroflorestas e plantas medicinais em Pindamonhangaba
Expandir o conhecimento sobre agroecologia a partir do contato direto com práticas inovadoras é um dos melhores caminhos para a aprendizagem. Os agricultores do projeto Pomares Mata Atlântica, do Instituto AUÁ e Fehidro, tiveram esta experiência no último dia 10 de agosto, visitando três locais de referência da APTA de Pindamonhangaba (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios).
E, principalmente, os 50 agricultores, dos municípios de Salesópolis, Biritiba Mirim e Mogi das Cruzes, puderam perceber que o Pomares Mata Atlântica une as três experiências observadas: o cultivo de PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais, o potencial das ervas medicinais e aromáticas e os sistemas agroflorestais (SAFs) que recompõem a Mata Atlântica de forma produtiva.
Guiados pela pesquisadora Cristina Maria de Castro, eles viram como as PANC são um projeto de segurança alimentar, pois podem compôr a própria alimentação do agricultor, nutrindo quem o produz e expandindo a consciência para um alimento mais saudável.
A seguir, a pesquisadora Sandra Maria Pereira da Silva apresentou o projeto de plantas medicinais, aromáticas e temperos da Mata Atlântica, que serão usados no Pomares, revelando espécies nativas como guaco, espinheira-santa, macela. E riquezas como a erva-baleeira, tradicionalmente usada por moradores do litoral, com grande potencial de mercado, além da fáfia (chamada de ginseng brasileiro) e da melissa brasileira. A extração de óleo do capim-limão foi realizada ao vivo e despertou grande interesse, pois em geral os agricultores não conhecem a produção dos óleos essenciais.
“Todas estas plantas nativas irão compor os pomares nos sítios e o objetivo foi abrirmos a mente para modelos de produção que não estamos acostumados, agregando-os ao trabalho no dia a dia”, ressalta Hamilton Trajano, técnico agroecológico do AUÁ. A APTA é uma unidade de pesquisa de referência para o conhecimento científico no Estado, com foco na inovação e no fortalecimento das cadeias agrícolas. “Agradecemos, portanto, a oportunidade de estarmos em um órgão público aberto à visitação e com projetos de pesquisa modelo”.
A terceira visita ocorreu no SAF do pesquisador Antonio Carlos Pries Devide, que possui uma rica floresta produtiva, e permitiu uma ampla conversa sobre adubação natural e formas de recomposição de matéria orgânica dentro de um sistema destes. Foi feita uma prática de adubação verde consorciada com o quiabo, em um modelo que os agricultores poderão replicar, com forte embasamento científico.
“Tudo isso permitiu vermos na prática princípios que embasam e direcionam o projeto Pomares Mata Atlântica. E nossa tarefa agora é aplicar tudo isso nas propriedades, desenvolvendo uma metodologia inédita que tem as frutas nativas com potencial de mercado como carrro chefe, além da possibilidade de compor arranjos com uma rica diversidade de plantas”, finaliza Cláudia Prudente, técnica agroecológica do AUÁ.
trabalho maravilhoso dos pesquisadores da APTA de Pindamonhangaba, Antônio Devide e Cristina Castro, isto é um excelente modelo de sistema de integração na propriedade rural. Estes eventos deveriam existir com frequência e se tornar um projeto piloto para o Vale do Paraíba e região serrana.