Projeto “Semeando Biodiversidade no Vale do Paraíba” leva visão holística sobre produção agroflorestal para assentamento
Projeto “Semeando Biodiversidade no Vale do Paraíba” leva visão holística sobre produção agroflorestal para assentamento
No coração do Vale do Paraíba, um movimento está ganhando força, trazendo consigo uma nova possibilidade de práticas agrícolas agroflorestais e agroecológicas. O projeto “Semeando Biodiversidade”, uma colaboração entre o Instituto Auá e a Fundação Banco do Brasil, está gerando mudanças significativas no assentamento Manoel Neto, em Taubaté.
O objetivo do projeto é plantar 3 mil mudas: hortaliças, frutíferas e arbóreas, incluindo variedades de espécies nativas da Mata Atlântica. As ações envolvem os agricultores e agricultoras no planejamento da implantação de sistemas agroflorestais e agroecológicos, levando em consideração as características do terreno, as necessidades ecológicas do local e a perspectiva de geração de renda a partir destes plantios, visando a sustentabilidade dos sítios.
Vale ressaltar que a abordagem promovida pelos técnicos, no que diz respeito às espécies arbóreas, é holística, visando integrá-las de maneira multifuncional nos plantios. Essas árvores não apenas fornecem cercas vivas e compõem pomares biodiversos, mas também desempenham um papel crucial na restauração do solo e da paisagem. Esse enfoque não só beneficia a fauna, a água e a biodiversidade do bioma, mas também promove um equilíbrio ecológico e climático, além de contribuir para o sequestro de carbono.
Hoje, mergulharemos nas atividades recentes que estão sendo realizadas nos sítios que estão participando do projeto, testemunhando o poder transformador dessa iniciativa.
Sítio da Dona Valquíria e Geyson:
No sítio de Dona Valquíria e seu filho Geyson, a jornada começou com a definição dos tipos de sistemas agroflorestais que seriam implementados e a delimitação das áreas para os plantios . Em seguida, os insumos necessários para a preparação do terreno foram entregues e aplicados, como por exemplo o calcário, a farinha de osso e a torta de mamona, essenciais para a correção e melhoria da fertilidade do solo.
A partir daí, Valquíria e Geyson, junto aos técnicos do projeto, começaram a implantar um pomar diversificado, com espécies nativas e também exóticas.
Em seguida, foram plantadas espécies madeireiras para compor uma cerca viva, que fornece proteção contra os ventos e que futuramente também será fonte de renda com a comercialização de madeira.
Mãe e filho buscam difundir a ideia da produção de frutas nativas no assentamento, com a visão de que é possível fornecer para a merenda escolar da região um alimento saudável, sem agrotóxicos.
Entrega de mudas frutíferas no sítio da Dona Valquíria
Sítio do Laurivane e da Ana:
No sítio Minha Estância, dos agricultores Laurivane e Ana, o projeto enfrentou desafios únicos, especialmente ao lidar com áreas inclinadas. Uma visita crucial permitiu a avaliação do terreno e a discussão de medidas para mitigar os riscos de erosão na área em que os plantios iriam acontecer.
Primeiro, agricultores e equipe fizeram a aração do terreno para facilitar a aplicação do calcário, insumo entregue pelo projeto, e a partir daí, as medidas de contenção de erosão foram contempladas.
Em colaboração com a ONG Rede Agroflorestal, planos para abrir uma rua de acesso foram elaborados, prometendo facilitar não apenas o plantio imediato, mas também as operações futuras de manejo e colheita. Com o apoio mútuo das partes envolvidas, a visão de um ecossistema agrícola próspero está cada vez mais próxima da realidade.
O sítio já produz hortaliças orgânicas e distribui para a CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura) da região. Com as atividades do projeto, a ideia é formar um pomar agroflorestal e agroecológico, sendo o café o principal produto com o qual os sitiantes desejam trabalhar, em consórcio com frutíferas nativas.
Laurivane e Ana ainda pretendem recuperar uma área de nascente, e para isso será realizado o plantio de espécies nativas nesta parte do terreno.
Abertura de berços para plantio na cerca viva e incorporação manual do calcário
Sítio do Paulo e Maria Lourdes:
O ponto de partida do trabalho no sítio do Paulo e da Maria foi uma série de conversas sobre como o projeto poderia trazer mais sustentabilidade com a implantação de sistemas agroflorestais e agroecológicos e com a inclusão de espécies arbóreas na restauração ecológica, nas cercas vivas e nos próprios sistemas.
O próximo passo para a implantação do que foi planejado foi o uso dos insumos orgânicos para a recuperação da fertilidade do solo, que também serve como manejo agroflorestal. Em um esforço conjunto, as áreas designadas para os diferentes cultivos foram preparadas com trator, abrindo caminho para a distribuição e incorporação do calcário.
O sonho do agricultor Paulo sempre foi ter um pomar agroecológico com citrus e espécies nativas da Mata Atlântica em seu sítio. Agora, seu terreno está pronto para a etapa dos plantios, que logo se tornarão agroflorestas vivas e produtivas.
Além disso, Seu Paulo e Dona Maria também se preparam para o plantio de café em sistema agroflorestal e em breve irão realizar a restauração ecológica de parte do terreno e darão início ao plantio de uma cerca viva com espécies arbóreas, que servirá como quebra vento para a plantação.
Seu Paulo preparando a área do Pomar Agroflorestal que será plantado