Seminário Agroecológico do Cambuci traz pesquisas inéditas

O auditório do Sesi de Mogi das Cruzes foi palco do Seminário Agroecológico da Cultura do Cambuci, no último dia 26 de agosto, e reuniu produtores rurais de mais de dez municípios do Estado de São Paulo, como Ubatuba, Caraguatatuba, Salesópolis, Ribeirão Pires e São Lourenço da Serra.

O Seminário, realizado pelo Instituto Auá, teve como objetivo trazer o resultado de pesquisas científicas realizadas por acadêmicos e pesquisadores de instituições como USP, APTA, CATI e ONG Capivari-Monos, assim como disseminar o conhecimento sobre práticas agroecológicas de manejo da espécie e boas práticas de pós-colheita, levando ao público o que há de mais atual sobre o conhecimento do fruto nativo da Mata Atlântica.

A partir da colheita de materiais fornecidos pelos próprios produtores, foi possível ao pesquisador Helio Minoru, da APTA, iniciar o trabalho de identificação de insetos e fungos causadores de doenças que prejudicam o desenvolvimento do fruto. Eles vêm sendo investigados para que se possa chegar a soluções mais efetivas para o controle das pragas. A importância da polinização na cultura do Cambuci foi apresentada pelo doutor Guaraci Duran, da USP, junto a técnicas de utilização de abelhas aplicadas em outras culturas e que podem ser adaptadas ao fruto nativo.

A pesquisa sobre pós-colheita, realizada por Ana Carolina Almeida e Tatiane de Oliveira da ESALQ/USP, mostrou que os frutos podem ser coletados antes de cair do pé, quando usualmente são colhidos pelos produtores. A partir desta constatação, cientistas e agricultores podem trabalhar juntos para identificar o ponto exato da colheita e encontrar soluções tecnológicas para viabilizar esta prática, garantindo mais qualidade do produto ao consumidor final.

Os doutorandos Renata Luise e Carlos Pestana, da Faculdade de Farmácia da USP, apresentaram os resultados da inédita pesquisa sobre o uso do Cambuci no controle da diabetes. Testes feitos com ratos em laboratório revelaram que a dieta rica em gorduras e açucares que induzem o diabetes, associada ao Cambuci, levou à diminuição do índice de glicose no sangue em até 50% em comparação a uma dieta sem o fruto. Em seres humanos saudáveis, a pesquisa mostrou que o Cambuci incorporado à dieta diária pode prevenir a diabetes, pois evita a inflamação das células de gordura que levam o indivíduo a desenvolver a doença.

Diferentes técnicas de produção de mudas nativas da Mata Atlântica e formas de manejo ecológico de espécies do bioma foram apresentadas pela bióloga Claudia Prudente, da ONG Capivari-Monos e pelo extensionista rural da CATI, o agrônomo José Augusto Maiorano.

Finalmente o Seminário terminou com as considerações sobre os principais desafios encontrados pelos produtores familiares do Cambuci. Para Roberto Benedito Gato “o produtor precisa de apoio para investimento em infraestrutura. Muitos não têm recursos para adquirir um freezer para armazenar o fruto, que oxida rápido, e acaba perdendo a safra. O Governo e a iniciativa privada devem apoiar mais, tanto com o acesso a financiamento quanto destinando verbas para mais pesquisas sobre o fruto”.

O evento teve patrocínio da Organização ambiental The Nature Conservancy (TNC) e Instituto ATA, apoio do Sesi Mogi das Cruzes, Sebrae-SP, Prefitura de Mogi das Cruzes e contou com a parceria da CATI, APTA, ESALQ/USP, Faculdade de Farmácia da USP, Capivari-Monos e Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

As palestras do Seminário estão disponíveis em vídeo no nosso Canal Youtube.

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