“A Mata Atlântica ao sabor de rimas e rabecas” faz diálogo entre biomas e cultura
A arte popular abre as portas para a origem dos produtos da Mata Atlântica, conectando o público com a realidade por trás das compras no Mercado de Pinheiros, em São Paulo. Assim, a música antiga, o fandango e o hip hop movimentaram o mercado no último sábado, 29 de outubro, acompanhados pela degustação de sabores da Mata Atlântica, em evento organizado pelo Instituto ATÁ com a participação da ONG C de Cultura.
O Instituto AUÁ ofereceu bebidas à base de Cambuci, fruto nativo da mata, e diversas geleias, antepastos e doces de produtores locais, enquanto o Instituto Socioambiental levou sabores quilombolas para o público, como a taiada e a pressada, à base de farinha e goma de mandioca. As apresentações musicais culminaram num cortejo de bicicleta na Av. Faria Lima, e o evento ganhou até uma letra improvisada de hip hop, ao ritmo do fandango caiçara, com destaque para o Cambuci.
“A ideia é comunicar sobre os biomas a partir dos produtos nativos, apresentando elementos do contexto local, e a música faz esse elo”, destacou Ricardo Leal, da C de Cultura. Expressão musical típica do litoral sul de São Paulo e norte do Paraná, o fandango caiçara traz saberes ancestrais, caracterizados pelo batido, o bailado e os instrumentos artesanais.
Com a presença de dois grupos, de Cananéia e Ilha do Cardoso, a música e dança transmitidas por gerações, foram representadas por artistas como Seu Zé Pereira, músico e luthier responsável por divulgar a cultura do fandango em todo país e até em países como Cuba.
“Aprendi com meus bisavós, toco rabeca desde criança. É um conhecimento familiar e tradicional, não é só tocar, mas saber fazer o instrumento, usar as madeiras da mata, como a caxeta e a canela, e organizar as festas na comunidade”, destaca Seu Zé Pereira.