Mercado de Pinheiros ganha fubá de milho crioulo de Brotas trazido pelo AUÁ
O processo de produção do fubá de milho do Sítio Nelson Guerreiro, em Brotas (SP), não poderia ser mais delicado, pois além do cuidado com a semente crioula nativa da região, resgatada e selecionada pelos proprietários para um fubá de alta qualidade, a escolha dos melhores grãos é feita a mão e estes seguem para o moinho artesanal, cuja pedra pertenceu a uma das fazendas mais antigas da região.
“É tudo tão cuidadoso e lento que em um dia se faz apenas 8 kg de fubá. Proteger as sementes de milho crioulo dA contaminação de transgenia também é trabalhoso. Esse ano, após preparar a terra para o plantio, constatamos que um vizinho a menos de 3 quilômetros havia plantado milho convencional. Aí tivemos que esperar mais 30 dias para plantar o nosso, perdendo todo o serviço já realizado e correndo um risco climático maior por estar fora da época de plantio”, explica a proprietária Maria Fernanda Guerreiro, cujo sítio pertence à família Guerreiro há décadas.
Pelas mãos do Instituto AUÁ, esse alimento de qualidade foi levado para o Boxe Mata Atlântica do Mercado de Pinheiros (SP), em parceria com o Instituto ATÁ, onde está disponível em embalagens de 500 gramas para o consumidor final. E é mais um reconhecimento pelo trabalho de formiguinha que os produtores vêm fazendo para divulgar o fubá em estabelecimentos que valorizam alimentos regionais, a exemplo dos parceiros: restaurante BrotasZen e Restaurante Poção, em Brotas, e Restaurante Arturito, Benedita, Casa Santa Luzia, Da terra orgânicos, restaurante Mamãe Natureza e no Tablado dos Sabores, em São Carlos.
Já no campo, o trabalho de investimento em práticas sustentáveis e diversificação das espécies cultivadas é cada vez mais alinhado com a demanda de um mercado justo. Nos 88 hectares do sítio são cultivados milho, hibisco, mel, e mais 54 espécies entre nativas e hortifrutis, em uma área da agrofloresta. Além das áreas de proteção, a paisagem é coberta por árvores que se estendem em corredores ecológicos, os quais são utilizados pela fauna da região.
Segundo Maria Fernanda, o milho é produzido em um sistema integrado, em que se planta milho no verão entre as árvores, e quando este é colhido no inverno, o gado é solto na área que mantém o capim, alimentando os animais com “comida boa” e na sombra protegida pelas árvores de vento e chuva.
A Mata Atlântica agradece e o consumidor ainda ganha em saúde, pois esse milho é moído integralmente, ou seja, não é desgerminado, mantendo a “parte branca” do grão, que é a mais nutritiva e onde estão as principais vitaminas. A moagem em moinho de pedra beneficia a conservação do sabor do grão.
“Tudo isso gera benefícios ao meio ambiente, aumentando a biodiversidade do sistema como um todo, e permite o resgate do alimento de verdade e qualidade. O que valoriza toda a cultura que vem com a forma de produzir, respeitar e viver da terra em um maior equilíbrio”, enfatiza ela.