Linha de Costura se encerra com articulação de atores por políticas intersetoriais em Osasco

Teve encerramento a formação de quase um ano do Projeto Linha de Costura, do Instituto Auá em parceria com o CMDCA de Osasco, que envolveu cerca de 70 representantes de secretarias e organizações locais para o fortalecimento das ações de proteção de crianças e adolescentes. O seminário final aconteceu no último dia 3 de junho, com cerca de 120 pessoas, e reforçou a necessidade de caminhos de atuação interinstitucional no município, para o pleno atendimento deste público infanto-juvenil.

Ao longo de oito oficinas temáticas, trabalhou-se com a geração de conhecimento para a participação protagonista dos atores, visando a construção de uma rede de proteção integral local. “Atuar com assistência social é ser um ator de articulação de políticas públicas, este jamais será um ato isolado que se realiza fora do coletivo, devido à complexidade das questões e do território”, destacou a Secretária de Assistência Social de Osasco, Suzete Souza Franco, no seminário.

Para Carol Zanoti, gestora do projeto no Instituto Auá, “não existe trabalho com crianças e adolescentes sem levar em conta a proteção social, e o projeto permitiu localizar as riquezas e fortalezas do município para reforçar a rede que está se iniciando”. Uma publicação final com a síntese do aprendizado obtido no Linha de Costura, ainda será lançada no próximo dia 15 de julho, podendo estimular práticas mais efetivas e eficientes em novos municípios.

O evento também contou com a presença da Secretária Municipal de Educação, Solange Cristina Silva, da conselheira do Instituto Auá, Ondalva Serrano, de representantes do CMDCA, do CENPEC e da Associação Cidade Escola Aprendiz, além de lideranças locais que participaram da formação. “Criamos vínculos ao longo do projeto, o desejo agora é fazer as ideias saírem do papel e coloca-las em prática. Tivemos contato com muitas pessoas e histórias que não conhecíamos, do encontro com a representante do CAPES, por exemplo, articulamos uma parceria com o CRAS”, contou Lucas Prado, do CRAS Veloso.

Para a representante do Núcleo Sebastian, Ivone Fonseca, a formação permitiu momentos de reflexão aprofundada sobre “quem somos, o que e como fazemos, e esse conhecimento deve estimular a continuidade e a troca entre os participantes.”

Ondalva Serrano aproveitou para lembrar a todos que a organização da sociedade civil é a voz atuante que permite viabilizar o atendimento das necessidades da população, para além do antigo modelo em que governantes garantiam sozinhos os serviços essenciais. “Graças ao despertar da sociedade, surgem oportunidades de parceria que passam a atender as necessidades humanas. Quanto mais convivemos, mais passamos ao conhecimento e às parcerias”, destacou.

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Poder associativo e participação

A Secretária de Educação, Solange Silva, destacou ainda a necessidade de se romper com as “caixinhas” em que as mais de 20 Secretarias de Osasco costumam atuar, buscando-se a compreensão de que possuem um compromisso comum de longo prazo. “Trata-se de uma mudança de postura, pois cada indivíduo é uma pessoa que necessita de todas as políticas integradas. É um desafio atender os 68 mil alunos da rede de educação de Osasco, mas quem passou pela formação do Linha de Costura deve ser agente de conscientização dos outros representantes que não estiveram aqui”, disse.

O trabalho em rede é de fato a base para que os diferentes atores se comuniquem, segundo a vice-presidente do CMDCA, Elaine Lordeiro, e sua fala foi reforçada pela apresentação de Julia Dietrich, gestora da Associação Cidade Escola Aprendiz: “a articulação intersetorial é a única forma de garantir o pleno desenvolvimento das pessoas, e no atual momento político, é necessário valorizar ainda mais esse poder associativo local”.

Fóruns públicos que envolvam a população no processo educativo, diferentes oportunidades educativas na cidade e a capacidade de gestão compartilhada da educação são passos para uma cidade educadora. Julia também trouxe como exemplo de política intersetorial o programa “Vos me importas”, de Córdoba (Argentina), com uma política integrada em mais de seis Secretarias para a educação continuada e o planejamento familiar, entre outros casos de sucesso.

A professora Márcia Coutinho, do CENPEC, enfatizou que as redes dependem de relações entre seus elos, porém só funcionam bem quando há laços fortes entre seus membros, a exemplo dos vínculos estabelecidos no Linha de Costura. “A busca por contribuir com o desenvolvimento humano deve partir sempre das condições locais, há muitos jeitos de se fazer, o importante é criar arranjos próprios e dar voz às crianças e jovens neste processo de construção da rede local”

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