Instituto Auá e Reserva da Biosfera da Mata Atlântica apresentam parceria para desenvolver sociobiodiversidade

O “IV Seminário Frutos Nativos da Mata Atlântica – o sabor da biodiversidade”, realizado pelo Instituto Florestal de São Paulo (IF) em parceria com a Associação dos Bolsistas JICA (ABJICA), que aconteceu ontem 22 de outubro, no IF, trouxe boas notícias para a Mata Atlântica e a oportunidade de uso das espécies nativas para a restauração do bioma. O Instituto Auá e a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica criaram uma nova parceria para desenvolver as cadeias produtivas da sociobiodiversidade do Cambuci, Pinhão, Erva-Mate e Juçara, aproveitando seu conhecimento específico no trabalho com cada cadeia.

Há anos o Mercado Mata Atlântica da RBMA, vem trabalhando os critérios para o manejo dessas espécies e cadeias como a do Pinhão já possuem indicadores de sustentabilidade, que deverão compor o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planaplo). Porém, sem essa regulamentação o extrativismo ocorre podendo ameaçar a espécie, a exemplo da necessidade de discutir o período de ‘defeso’ do Pinhão e como garantir a riqueza genética da Araucária.

“Queremos promover o mercado e garantir as cadeias produtivas das sementes e mudas, recuperando áreas, além de promover experiências já certificadas, como os 20 empreendimentos que possuem o Selo Mercado Mata Atlântica. A parceria com o Instituto Auá irá permitir a comercialização desses produtos e a abertura de mercados, com o Empório Mata Atlântica”, destacou Marcelo Mendes do Amaral, coordenador do Mercado Mata Atlântica.

Segundo Gabriel Menezes, gestor do Empório Mata Atlântica e da Rota do Cambuci no Instituto Auá, a união entre os parceiros possibilitará, principalmente, o controle de origem dos produtos, em que os agricultores do Arranjo Produtivo Sustentável (APS) do Cambuci, por exemplo, manejam o fruto a favor da conservação da Mata Atlântica, pois a venda sem critérios pode implicar em degradação.

O Empório Mata Atlântica já comprou 20 toneladas de Cambuci do APS, com estoque na forma congelada, e vem ampliando os espaços de comercialização, com parcerias com cerca de 50 estabelecimentos gastronômicos, venda para a merenda escolar e contato com indústrias. “O Cambuci é a ponta de lança para abrir esse mercado e juntos poderemos expandir de forma segura, com o respaldo de indicadores para as cadeias da sociodiversidade”, afirmou Gabriel.

Tudo isso permite ainda construir modelos de restauração com nativas, pois se 1 kg de Cambuci pode ser comprado a 5 reais do produtor, sendo que um único pé adulto pode render cerca de 200 kg por safra, o ganho é maior que o de monoculturas como o eucalipto ou mesmo o gado, podendo ser introduzido cada vez mais em áreas degradadas.

Também é importante atingir a população com essas informações e tornar as espécies nativas cada vez mais conhecidas, pois como lembrou o chef Rodrigo Oliveira, do restaurante Mocotó, durante o evento, “as frutas da Mata Atlântica têm intensidade, riqueza e diversidade que combinam com a tendência atual da gastronomia, de buscar o novo, o local, o desconhecido. Porém são conceitos ainda pouco acessíveis, que só irão se popularizar conforme possam ser disseminados para cada vez mais atores”.

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