A partir de uma visão de mundo sempre atenta ao ser humano e as leis naturais que regem a vida, a agrônoma Ondalva Serrano tem sua história intimamente ligada ao movimento em defesa da agroecologia, de políticas públicas integradas e da criação de verdadeiros espaços educadores e conscientizadores. Ondalva sempre acreditou que as interações entre os setores público, privado e a sociedade civil são a base para a construção de um coletivo sustentável.
Dedicou-se por mais de 10 anos à docência em tempo integral à ESALQ, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós, unindo a teoria com base na agricultura ecológica à preocupação com o aprendizado vivencial dos alunos. Já na década de 1980, trouxe esse conhecimento para a experiência como Diretora de Agricultura e Abastecimento da prefeitura de São Roque, onde por 9 anos, implantou políticas de produção e abastecimento orgânicos para alimentação escolar e das famílias.
Como diretora, também criou feiras de compra direta, sistema de horta municipal e todo o serviço de extensão rural do município, além da primeira escola municipal de agricultura orgânica para crianças do ensino fundamental. Em paralelo, sempre atuou para fortalecer a Rede das Escolas Famílias Agrícolas no país, onde desenvolveu atividades em vários Estados.
É preciso lembrar que sua formação transdisciplinar foi reforçada pelo contato com diferentes realidades, em experiências como a de pós-graduação no Centro Internacional de Estudos Agronômicos de Montpellier, França, além dos serviços ao governo Chinês, onde atuou com equipe multidisciplinar em Agricultura para o Desenvolvimento Local, na década de 1970, no país asiático.
É sócio fundadora da AAO – Associação de Agricultura Orgânica, da qual foi presidente nas gestões de 1994 a 1996, e 2009 a 2013. Nesse caso, trouxe para dentro da associação a visão da agricultura orgânica como aquele que mantém vivos o solo, a água, o alimento e as pessoas, sempre valorizando o agricultor como o profissional que garante a vida, necessitando de apoio e reconhecimento pela sociedade e governos de diferentes níveis.
Ondalva também foi fundadora e presidente da Cooperativa Mista de Produtores e Pesquisadores em Técnicas Regenerativas e Auto-sustentáreis na Agropecuária em São Roque, e entre 2010 e 2013 foi presidente da Câmara Setorial de Agricultura Ecológica da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.
A agroecologia caminha junto à educação integral e, nesse sentido, também descobriu na Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo uma escola de vida onde desenvolveu a proposta metodológica de formação da juventude que deu origem ao Programa de Jovens Meio Ambiente e Integração Social da RBCV. O processo formador dos jovens parte do princípio de que o ser humano possui potencial criativo para ser o co-criador de seu caminho profissional e das intervenções em seu meio social e ambiental.
Com apoio da Unesco de Paris, o Programa de Jovens teve início em 1996 no Cinturão Verde, onde existe até hoje, apoiado na formação ecoprofissional dos jovens do ensino médio para preparação para o ecomercado de trabalho.
Ao transitar pela capacitação de equipes intersetoriais dos municípios que integraram a Rede do Programa de Jovens, Ondalva passou a ampliar os instrumentais de conhecimento da realidade local e de formação de técnicos em programas de desenvolvimento da sustentabilidade do município, trabalho que vem desenvolvendo atualmente em Araçoiaba da Serra, pelo Instituto Auá, do qual é conselheira.
Aliás, o Instituto Auá é a antiga AHPCE – Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica, ONG fundada em 1997 para articular os diferentes atores responsáveis pelo Programa de Jovens. Com a mesma visão de respeito ao potencial individual de cada membro que compõe o coletivo do Instituto Auá, a entidade comemorou 18 anos, agora com a nova proposta de apostar no potencial empreendedor de cada pessoa para a transformação da realidade.
Na Frente Parlamentar em Defesa da Produção Orgânica e Desenvolvimento da Agroecologia, Ondalva vem trabalhando para fortalecer a legislação e as ações públicas estaduais, integradas à esfera federal e municipal, para a produção orgânica e agroecológica de alimentos, inspirando atuação da frente que hoje leva seu nome.