Cozinhando, degustando e conversando sobre o Cambuci… público descobre caminho da terra à mesa

O convívio em torno da mesa e a troca de ideias sobre as mil formas de usar os ingredientes tornaram a 1ª edição do Mesa Biodiversa, iniciativa do São Paulo Saudável e do Nambu Cozinha de Raiz, um momento prazeroso de aprendizado coletivo. “Além das misturas, sabores e texturas, a culinária traz à tona o contexto e a história por trás do alimento. O Cambuci, por exemplo, está vivo graças à preservação nas cachaças por bandeirantes e até hoje em bares na região do Cinturão Verde”, revelou a chef Ana Tomazoni, do Convívio Slow Food Grande ABC, responsável por conduzir a oficina.

O foco do encontro foi justamente o fruto quase extinto na Mata Atlântica, com a importante história de resgate por produtores conhecidos como os “guardiões do Cambuci” e o Instituto Auá, que há anos coordena a Rota do Cambuci e o cultivo do fruto para que chegue à casa dos consumidores.

“Ao usá-lo praticamos o consumo consciente, impactando positivamente em toda a cadeia e recuperando a floresta. É preciso expandir o ato de comer, há infinitos sabores e cores da nossa biodiversidade a serem levados para o prato, de forma prazerosa e ao mesmo tempo saudável”, destacou a gestora do São Paulo Saudável, Letícia Genesini.

A oficina aconteceu no último dia 1 de julho no restaurante, com cerca de 20 pessoas, que aprenderam conversando e provando quatro receitas diferenciadas: suco de clorofila com Cambuci, “bebida creme” de mandioca com Cambuci, vinagrete do fruto servida na base de abóbora com quinoa, e um bombocado com geleia de Cambuci.

“São pratos e bebidas fáceis e saudáveis, mas que surpreendem pela versatilidade do Cambuci, pois se o suco possui um paladar específico, quando batido com leite de coco e mandioca, torna-se um ‘outro’ fruto”, brincou Ana. Ela também envolveu o público com dicas que permitem adaptar o uso dos alimentos, respeitando sua sazonalidade e forma de produção: a hortelã deve ser colhida de preferência na hora, o vinagrete pode levar outras frutas ácidas como o caju e o abacaxi, e a beterraba incrementar a cor vermelha do molho de tomate.

A bebida cremosa de Cambuci à base de mandioca destacou-se entre os presentes, que batizaram a criação de “Cremuci” e brincaram que o uso de um ingrediente brasileiro como a mandioca torna a degustação mais prazerosa.

“Não há forma mais rica de conservar a natureza do que degustando suas espécies, só preservamos o que conhecemos, e o Cambuci encanta a todos”, ressaltou a participante da oficina Helena Ronchi, que também é especialista em frutas nativas.

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