Cambuci valoriza identidade paulista, revela AUÁ na Câmara Brasil-Alemanha

Foi com entusiasmo que o público do evento “Marketing Territorial e desenvolvimento sustentável de base local” descobriu o quanto o fruto Cambuci pode ser o elemento de ligação com o valor afetivo que sentimos pelo território paulista.

O encontro na Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, em 30 de agosto, uniu o conhecimento sobre as bases do Marketing Territorial, apresentadas pelo professor Rogério Ruschel, a Rota do Cambuci e o Empório Mata Atlântica como referências de valorização local, e o Cambuci-Break, com degustação de delícias do “Sabor Nativo – Buffet”, do Instituto AUÁ e sabores nativos dos parceiros Cambu Santo, AMMA Chocolates e Ecofresh.

Ao se diferenciar como produto da cultura, frutos como o Cambuci tornam-se a “ponta de lança” de um amplo processo de desenvolvimento da região paulista e valorização da própria auto-estima de seu povo. Gabriel Menezes, presidente do AUÁ, reforçou essa importância ao apresentar a Rota do Cambuci e o Empório Mata Atlântica como modelos de empreendedorismo socioambiental, que permitem ao próprio Instituto atingir sustentabilidade em ações mais permanentes e independentes de setores específicos.

“Vejo o Instituto AUÁ criando metodologias próprias de cultivo de nativas para modelos de desenvolvimento local que acreditamos, em que futuramente o produtor rural sinta orgulho de ter um pomar agroflorestal de onde tira sua renda. Isso também nos permitirá calcular quantos hectares de terra antes degradados viraram agroflorestas, trazendo a Mata Atlântica de volta”, expressou.

De fato, este novo ecomercado possui um potencial grandioso para a geração de renda aliada à preservação de recursos naturais como a água, a fauna e a floresta. Hoje, um único pé adulto de Cambuci pode chegar a uma safra de 200 quilos e o valor de compra do fruto do produtor rende em média 5 reais por quilo. O Instituto abre mercados consumidores e vê crescer a cada ano esse potencial, com 7 toneladas compradas em 2014, 13 toneladas em 2015, 40 toneladas em 2017 e projeção de 80 toneladas em 2018. “O trabalho com frutas nativas é dezena de vezes mais promissor que o plantio de eucalipto, por exemplo”, afirmou Gabriel.

Se as cidades produtoras de frutos nativos, no Cinturão Verde de SP, já disputam o título de “capital do Cambuci” com base na força dessa identidade, o consultor e professor Rogério Ruschel revelou o quanto produtos tipicamente brasileiros ainda não aproveitam as ferramentas do marketing para criar uma marca em nível global, a exemplo de vinhos franceses ou leites e chocolates suíços.

Hoje a identidade territorial agrega valor cultural, econômico e ambiental aos produtos, promovendo o desenvolvimento de toda uma região. Segundo ele, territórios como o Cinturão Verde de SP ou a Serra Gaúcha possuem um patrimônio simbólico de valor incalculável, que os permitiria competir em nível global, ao mesmo tempo em que se reforçam características locais únicas.

“Mas ainda não posicionamos esses produtos com base em sua origem e sua procedência exclusiva, o Brasil possui somente 6 registros de indicação de origem para vinhos, por exemplo. Essa produção tão especial e singular está distante da opinião pública, falta aproximar a identidade territorial do consumidor final”.

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