Instituto Auá assina manifesto contra eucalipto transgênico. Entenda!
Iniciamos o mês de março como signatários do manifesto pela retirada de todos os pedidos de liberação de eucalipto transgênico na CTNBio, iniciativa do IDEC com a participação de mais 45 organizações da sociedade civil, que entendem o quanto o mercado e os consumidores serão expostos a um produto potencialmente inseguro. A espécie é capaz de prejudicar principalmente a produção de mel e de alimentos.
O eucalipto transgênico da empresa FuturaGene Brasil Tecnologia/Suzano está em processo de liberação comercial na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). O pedido só não foi aprovado no último dia 5 de março, pois cerca de 1 mil mulheres e militantes do Movimento dos Sem-Terra ocuparam a empresa no município de Itapetininga (SP), no dia da votação, denunciando os males da possível liberação da espécie transgênica.
O novo eucalipto, chamado de Evento H421, possui um gene que aumenta seu crescimento, podendo ser cortado antes do tempo, como forma de ampliar os ganhos da empresa de papel e celulose detentora desta tecnologia. Além de desconsiderar os riscos de problemas ambientais e de saúde decorrentes do plantio. As 46 entidades signatárias do manifesto pedem o arquivamento do pedido de liberação da comercialização neste caso, reforçando principalmente a ameaça de perdas econômicas na apicultura, contaminação genética, entre outros.
Perdas na apicultura
O eucalipto é a principal fonte de néctar e pólen usada pelas abelhas na fabricação do mel no país, principalmente nos Estados do Sul, Sudeste e Nordeste. Segundo o SEBRAE (2014), a produção de mel hoje no Brasil chega a mais de 40 mil toneladas/ano, envolvendo 500 mil apicultores, em geral pequenos produtores da agricultura familiar. O país também é o décimo maior produtor mundial de mel.
O pólen proveniente dos eucaliptos transgênicos possui o gene inserido artificialmente, e o mel produzido em colmeias não transgênicas poderia ser contaminado pelo material transgênico. A detecção dos transgênicos no mel poderá impedir os apicultores de rotularem suas produções como orgânicas ou agroecológicas, aumentando o risco de barreiras comerciais para exportação do produto.
Modificações não-intencionais
Os riscos dos organismos transgênicos para o meio ambiente e a saúde provém de potenciais alterações não intencionais provocadas pela inserção de outros organismos no DNA das plantas. Podem ocorrer, por exemplo, alterações não desejadas em características biológicas que podem levar à produção de moléculas como toxinas ou substâncias alergênicas.
A espécie de abelha Apis melífera, por exemplo, visita flores de diversas espécies quando busca néctar, sendo um importante agente polinizador de várias plantas, inclusive de culturas usadas para alimentação, como a abóbora, feijão, pepino, tomate, e muitas outras. Logo, um risco a saúde destes insetos representa também um risco para a produção agrícola de alimentos.
Alterações na dinâmica das microbacias
O eucalipto transgênico pode ser cortado com 5,5 anos de idade, enquanto o eucalipto convencional só é cortado a partir de 7 anos de idade. O eucalipto, assim como outras espécies arbóreas, consome mais água durante os primeiros anos de crescimento. A alta taxa de crescimento da variedade transgênica faz com que o consumo de água desta seja maior, o que pode alterar o balanço hídrico da microbacia na região onde se realizar o plantio.
Leia aqui o manifesto: http://www.idec.org.br/em-acao/em-foco/mel-brasileiro-sob-ameaca-de-contaminaco-transgenica