Sesc mostra novos arranjos econômicos para crise ambiental e Rota do Cambuci é modelo
Com idealização pelo Sesc SP em parceria com a USP – Universidade de São Paulo, o seminário Diálogos sobre os Desafios Socioambientais Contemporâneos trouxe luz para os caminhos que permitirão enfrentar a crise ambiental planetária, principalmente com iniciativas que podem ter maior escala social. No dia 2 de junho, a discussão sobre o caráter econômico dos novos arranjos socioambientais contou com a participação de Gabriel Menezes, presidente do Instituto Auá, falando sobre a Rota do Cambuci e o Ecomercado.
O desenvolvimento dos potenciais humanos, a partir de dons e vocações naturais, aliado a iniciativas que provocam impacto positivo no meio é a base do empreendedorismo realizado pelo Instituto Auá. “Aprendemos a enfocar o bem-estar humano, tanto de quem é impactado pelas ações como de quem as realiza, onde todos fazem juntos”, destacou Gabriel.
Ele mostrou como a Rota do Cambuci cresceu a partir dos festivais em torno da identidade local para um empreendimento com união de agricultores, produtores artesanais, pesquisadores científicos, gestores públicos e de organizações privadas para a recuperação da Mata Atlântica. “Descobrimos que mais do que vender Cambuci, queremos convidar as pessoas a entrar para a Rota, a qual promove um modelo de desenvolvimento com base na vocação local”, contou. Já são mais de 15 municípios envolvidos, em 13 festivais ao longo do ano com público de até 80 mil pessoas, além de 50 toneladas do fruto nativo comercializadas, envolvendo cerca de 80 produtores familiares e até 300 derivados artesanais de doces, salgados e bebidas.
“Tudo isso só aconteceu conforme as pessoas passaram a conhecer o fruto, foi um esforço que atingiu indiretamente até 10 milhões de pessoas em 2016”.
Segundo o professor Ladislau Dowbor, que abriu a mesa sobre os novos arranjos econômicos, há grandes oportunidades da sociedade retomar sua organização participativa a partir dos sistemas colaborativos locais, do intercâmbio de conhecimentos e de sistemas produtivos que se desloquem para as políticas sociais.
Sua fala foi complementada pelo professor Renato Dagnino, lembrando que o crescimento econômico não implicou em geração de empregos e sim em concentração de renda. “As novas tecnologias sociais unidas à economia solidária serão o caminho para garantir sustentabilidade aos empreendedores e promover trabalho e renda, ao invés de salário e emprego”, declarou.
A experiência da Cepagro – Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo, organização de Florianópolis que popularizou a compostagem para resolver um problema de saúde pública com o projeto “Revolução dos Baldinhos”, também se mostrou uma referência de novos caminhos. “A chave do sucesso esteve na apropriação da compostagem pela própria comunidade, quando os agentes ambientais, as escolas e as famílias assumiram a ideia, foi possível produzir envolvimento local. É preciso o diálogo entre todos os setores nos novos arranjos”, disse o coordenador da Cepagro, Júlio Maestri.
No mesmo evento, a mostra Territórios em Transformação trouxe 36 experiências de referência na área socioambiental no estado de São Paulo, como o empreendimento Ângela de Cara Limpa, parceiro do Instituto Auá, como um dos expositores.