Oficina do Linha de Costura aponta agentes locais como educadores da vida
Agentes sociais dos equipamentos de CRAS CREAS, da prefeitura e das entidades locais de Osasco atuam como educadores informais na interação cotidiana com a população, conforme sua relação com o outro transforma vidas e influencia no mundo onde vivem. Esta visão da educação, não restrita a processos acadêmicos mas à construção do saber a partir da escuta da comunidade, foi aprofundada na última oficina do projeto Linha de Costura, do Instituto Auá, em 26 de fevereiro em Osasco.
A especialista em terceiro setor e educação integral Carol Zanoti falou sobre “O Papel do educador e agente social num trabalho multi, inter e transdisciplinar”, revelando a relação direta entre a atuação dos técnicos e seu reconhecimento como educador, que só pode surgir a partir do contato com o outro e a descoberta conjunta de potencialidades.
“Um verdadeiro educador não ensina nada, mas se descobre primeiro para depois descobrir o outro e, juntos, questionarem informações, criarem conhecimentos e permitir que estes virem sabedoria, de forma compartilhada”, destacou Carol.
Nesse sentido, os educadores são vistos como facilitadores, que buscam informações e dados no mundo e os sistematizam a partir de critérios humanos. “Aliás, a sistematização dos processos educativos é essencial como forma de organizar o conhecimento, identificar as fortalezas e criar a memória da aprendizagem obtida”, disse.
Com essa inspiração, os cerca de 80 presentes realizaram um trabalho em grupo a partir da questão sobre como reconstruir o mundo por meio da ação de diversos profissionais. A ideia era perceber a resposta dos grupos na forma do modelo de gestão que nasceu a partir desse desafio.
Um dos grupos propôs, por exemplo, a sinergia de saberes de diferentes públicos – idoso, gestante, médico, político, prostituta, cozinheiro, criança etc – o público da escola – extrapolando-se a competência de cada um para se chegar ao trabalho conjunto e sem hierarquia. “Típico caso de atuação transdisciplinar, que vai além das competências individuais, mas que exige espaços de troca bem organizados, com uma agenda comum”, comentou Carol.
Outro grupo propôs a união dos atores numa tribo, semelhante a das comunidades indígenas, em que todos participam e se envolvem no cuidado e nas tarefas comunitárias. Neste caso, a própria comunidade é a gestora do processo, com responsabilidades distribuídas entre todos, o que ocorre num trabalho interdisciplinar.
“A conclusão é que não importa se o trabalho é inter, trans ou multidisciplinar, mas sim que ocorra o planejamento conjunto entre todos”, finalizou Carol.