Turismo une adolescentes do Cinturão Verde em nova relação com mercado

Jovens no início da vida profissional, envolvidos com a construção de sociedades mais sustentáveis, fazem parte do grupo com mais potencial para transformar realidades em áreas periurbanas, onde os ecossistemas nativos ainda resistem próximos à metrópole. São eles o público alvo do Programa de Jovens – Meio Ambiente e Integração Social (PJ-MAIS), que prepara jovens de até 21 anos para o mercado como ecoprofissionais, podendo atuar de monitores ambientais a pesquisadores e gestores de projetos socioambientais.

No último dia 9 de novembro, cerca de 60 jovens dos Núcleos de Educação de Paraibuna e Cajamar desembarcaram no Núcleo de Parelheiros (SP) para conhecer de perto os trabalhos dos colegas em sistemas agroflorestais (SAF), de captação e aquecimento de água da chuva, compostagem de resíduos, produção de mudas, permacultura e outras tecnologias socioambientais. A atividade conhecida como Turismo Irmanado propicia a vivência da condução de grupos em áreas naturais, mas também a troca de experiências entre jovens engajados e com motivações semelhantes.

Muitos já atuam recebendo grupos em Parelheiros, pesquisando novas tecnologias e multiplicando o conhecimento no ambiente escolar, conforme o PJ-MAIS acontece no contraturno do ensino médio. “Essa atividade permite novas relações e principalmente o sentimento de rede, de fazer parte de algo mais amplo que o trabalho no município”, opina Larissa, educadora do PJ-MAIS em Paraibuna.

“Muita gente acha a questão ambiental linda, mas só quando colocamos a mão na massa, cuidamos da planta ou da terra, surge o desejo de preservar”, opina Danielle Gomes, que iniciou o curso em Parelheiros este ano. A colega de turma, Rayssa Resende, mostra que não é possível falar de meio ambiente sem pensar no futuro: “para cada 4 copos de água que o paulistano bebe, 1 vem dos mananciais da região de Parelheiros. Preservar as APPs (Áreas de Preservação Permanente) é garantir água de qualidade na cidade”.

Elas conduziram o grupo pelo viveiro e pela espiral de ervas, revelando que produzem mudas para serem usadas na cozinha do Centro Ana Lapinni – onde funciona o PJ-MAIS de Parelheiros. Revelaram também como funciona a secadora de frutas, o minhocário e o aquecedor de água com garrafas pet. Na agrofloresta, os jovens viram que o enriquecimento com frutíferas imita o funcionamento da mata nativa, recuperando o solo.

Os adolescentes trocaram informações sobre como fazem a composteira em seus respectivos Núcleos e os trabalhos científicos que desenvolvem. A formação inclui Turismo Sustentável, Produção e Manejo Agrícola Florestal Sustentável, Consumo, Lixo e Arte, Agroindústria Artesanal, Iniciação Científica e Formação Integral.

“O PJ nasceu pensando que precisamos criar uma nova cultura e novo tipo de mercado para relação do ser humano com o meio. Hoje atuamos em cinco municípios – Cajamar, Cubatão, Paraibuna, Paranapiacaba e Parelheiros – mas nosso sonho é atingir os 78 municípios do Cinturão Verde”, expressa Giovanni Bianco, gestor do programa na AHPCE.

O PJ-MAIS existe há 17 anos e é uma ação da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo, promovida pela Associação Holística de Participação Comunitária Ecológica (AHPCE) e pelo Instituto Florestal do Estado de São Paulo (IF), já tendo formado  mais de 2,5 mil jovens com a ótica da educação integral e de inserção no ecomercado de trabalho.

 

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