Nativas 360º: festa do Instituto Auá une diversos setores e mostra que espécies da mata são modelo para um novo ecomercado

Em um estreito espaço ao sul do mapa da cidade de São Paulo, pouco mais de 1 mil indígenas da etnia Guarani preservam tradições culturais em relação direta com a Mata Atlântica, dentro da aldeia Tenondé Porã, com 26 hectares. Realidades como essa, da região de Parelheiros (SP), foram trazidas para o Mercado de Pinheiros no último dia 27 de maio, com cantos e danças desses guardiões, simbolizando a importância do contato com nosso bioma no evento Nativas 360º, do Instituto Auá em parceria com o Instituto ATÁ.

O coral Guarani encerrou a festa em homenagem aos 20 anos da ONG, após um dia emocionante que tocou o público para todas as possibilidades que as plantas brasileiras representam para o paladar, a saúde, a economia, o meio ambiente e a cultura.

A varanda do Mercado ganhou o plantio de dois pés de Araçá, árvore de fruto aromático e rico, com ensinamentos sobre seu cultivo pelo técnico do Instituto Auá, Hamilton Trajano. A programação seguiu com a aula-show da chef do Convívio Slow Food Grande ABC, Ana Tomazoni, que usa as perfumadas geleias de Cambuci e Uvaia na receita de Bombom de queijo e Bombocado da mais brasileira mandioca.

Pela voz dos produtores locais e parceiros que vêm investindo em novidades a partir das nossas frutas, a roda de conversa Nativas e o Ecomercado mostrou como aproximar as pontas da cadeia produtiva em torno das nativas, a partir da vivência de diferentes setores em um crescente mercado. O evento revelou boas notícias: foi lançada a nova cachaça Cambusanto de Cambuci, o creme de Cambuci da Ecofresh, os novos chocolates de Cambuci e Uvaia da AMMA Chocolates, entre outras surpresas.

Ceviche na marinada de Cambuci, Mix de vegetais no Cambuci clarificado, doces como o novo chocolate de Cambuci, caldo de Cambuci e Mandioca com Pinhão e o novo drink “Caiçara Julep” com cachaça de Cataia, em homenagem ao Instituto Auá, mostraram as transformações infinitas dos sabores nativos em receitas originais. As degustações foram oferecidas, respectivamente, pela Comedoria Gonzales, Tête-à-Tête, AMMA, Bon Couvert e Nambu Cozinha de Raiz.

Descubra mais em alguns depoimentos da Roda de Conversa, que tiveram a presença da Casa Boali, Ecofresh, Cozinha 212, Le Manjue Organique, Cambusanto, AMMA Chocolates, Instituto ATÁ, Vem Lá da Roça, TNC e produtores rurais:

“O plantio de mudas no sítio começou em pequena escala e hoje já são mais de 1,3 mil pés de Cambuci, 180 pés de Uvaia, 1 mil de Araçá e mais de 2 mil de Juçara” – Paulo Nakanishi, produtor do Arranjo Produtivo Sustentável do Instituto Auá, de Natividade da Serra (SP).

“Substituímos o pasto degradado pelo plantio de Cambuci, o que rapidamente se mostrou promissor, a fruta é climatizada à região da Serra do Mar e logo vimos brotar três nascentes de água que nem sabíamos que existiam” – Milton Martucelli Jr., produtor e representante comercial do Instituto Auá, de Natividade da Serra (SP).

“Em Ubatuba, buscamos olhar para a serra e não só para o mar, descobrimos que o trabalho com a polpa da Juçara traz identidade local, não necessita do corte da árvore e ainda combate ação dos palmiteiros” – João Meireles, produtor de Juçara de Ubatuba (SP).

“Araçá, Cambuci, Juçara, são frutos da história do Brasil desde sua origem, mas que sumiram do mapa. É preciso fazer com que vivam novamente e por isso estamos aqui, fazendo com que o produtor esteja mais perto do consumo. A cozinha é a grande divulgadora dos alimentos, hoje o consumidor é refém da indústria mas quando recebe informações sobre a diversidade alimentar logo se interessa” – Georges Schneider, presidente do Slow Food Brasil e representante do Instituto ATÁ.

“Os produtos para uma nova era são aqueles que valorizam o conhecimento, na cozinha busco misturar o sabor menos comum do Cambuci com ingredientes óbvios, que dão segurança para o cliente, como um Risoto de Brie com Cambuci ou um Vinagrete com o fruto… a cozinha é a parte lúdica da cadeia produtiva” – Renato Caleffi, chef do Le Manjue Organique.

“Logo que descobri o Cambuci fui atrás do Instituto Auá e passamos a colocar nos sucos da Casa Boali, com 35 lojas em todo o país. No início, comprávamos 60 kg ao mês, agora já são 180 kg, em receitas fixas no cardápio de sucos. A valorização de algo nosso, arraigado à cultura brasileira, tem potencial imenso” – Bruno Bueno, da Casa Boali, parceira do Instituto Auá.

“O consumidor responsável tem um papel muito grande na valorização do trabalhador rural e, consequentemente, na conservação da paisagem. Quando escolhemos o que vamos comer, valorizamos o meio ambiente rural” – Marina Merlo, da TNC – The Nature Conservancy.

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