Jardim Ângela: como unir reutilização da água com alimentação saudável

Com o movimento em torno das hortas comunitárias na cidade de São Paulo, o Empreendimento Ângela de Cara Limpa, que une diferentes iniciativas sociais no Jardim Ângela, tem uma história particular de união entre a produção de alimentos e a recuperação ambiental da região. Trata-se de uma horta urbana num terreno com cerca de 5 mil metros quadrados em meio ao cenário ocupado pelo concreto.

O local antes dominado pelo depósito de entulhos deu lugar à implantação de 30 canteiros de mudas de hortaliças e ainda usou os resíduos orgânicos do bairro para produzir adubo, num sistema local de compostagem. “Tornar a produção autossustentável sempre foi nosso objetivo, vendendo o que colhemos, levando alimento saudável, sem agrotóxico, à mesa das pessoas, mas também recuperando recursos naturais, como a água e o solo”, diz Ananias de Oliveira Barbosa, responsável pela iniciativa.

Os 30 canteiros de hortaliças deram lugar também às frutíferas, principalmente às bananeiras, quando ele percebeu que estas últimas consomem bem menos água e alcançam melhores preços no mercado. Trata-se da sustentabilidade, que une a viabilidade econômica e social com o equilíbrio ambiental.

“Hortaliças consomem água diariamente, enquanto as árvores de frutas possam até 3 meses sem irrigação. Daí também nasceu uma outra iniciativa, de construção da cisterna de 25 mil litros para abastecimento da horta”, conta Ananias.

Ao captar a água da chuva, a cisterna, que está em processo de construção na sede do Ângela de Cara Limpa, permitirá suprir a quase totalidade do uso de água no plantio. Trata-se de um passo importante, evitando o gasto com a água tratada da Sabesp, mas também como alternativa local frente à ameaça de uma crise de água na metrópole, a qual se torna mais concreta a cada dia.

Para fechar o ciclo da horta, o gestor e agricultor pensa ainda em “limpar” a água da chuva armazenada na cisterna por meio de processos naturais, a exemplo do uso de peixes, e usar os restos de folha e resíduos orgânicos acumulados na calha, como forração para os cultivos, que em breve contará com 50 pés de bananeira.

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