Instituto Auá traz experiência agroecológica para o Programa Guarapiranga Sustentável

O Projeto Guarapiranga Sustentável já existe há mais de cinco anos, unindo os sete municípios da Bacia da Guarapiranga numa espécie de coletivo, que quer reverter a degradação da agricultura convencional sobre nossas águas. Em tempos de crise hídrica, seu fortalecimento tornou-se ainda mais indispensável, numa região que sofre com os diversos impactos da expansão urbana, hoje com uma população de quase 800 mil pessoas em volta da represa.

Por isso, o coletivo se reuniu no último dia 24 de julho para construir novas diretrizes à agricultura na Guarapiranga, envolvendo os municípios de Cotia, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço e São Paulo. O Instituto Auá de Empreendedorismo Socioambiental é apoiador do Projeto Guarapiranga Sustentável, e levou contribuições para a verdadeira transição agroecológica e a adoção de boas práticas nestes municípios.

“Sem vontade política e mecanismos que assegurem a capacitação em planejamento, produção, comercialização e gestão empreendedora, não sairemos do círculo vicioso do ‘faz de conta’ de que estamos resolvendo os entraves da agricultura. Vivemos um impasse no acesso dos agricultores familiares aos recursos econômicos, com programas federais e estaduais que exigem, por exemplo, garantia de 100% do capital a ser financiado pelos bancos. Esquecemos que são os agricultores os verdadeiros abastecedores de nossas mesas com o alimento nosso de cada dia”, expressou Ondalva Serrano, no grupo que discutiu os incentivos econômicos e as políticas públicas de apoio à agroecologia.

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Cerca de 30 representantes de órgãos públicos, agricultores e sociedade civil participaram do encontro, no Parque da Água Branca, buscando apontar estratégias para a regulamentação da agricultura em áreas de mananciais. Além disso, como fazer a transição para boas práticas que eliminem o uso de venenos, como acessar mercados, como possibilitar a outorga da água e como orientar a elaboração e o uso do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

O CAR, por exemplo, foi apontado como uma forma prática de regulamentar as propriedades nessas áreas de mananciais, que hoje enfrentam o gargalo da “dominialidade” para obter licenciamento de suas atividades agrícolas. “A articulação com o INCRA também é chave para iniciarmos a regulamentação. Poucos sabem que o município de São Paulo é o que mais possui imóveis rurais no país, e o órgão pretende fazer uma força tarefa para a legalização dessas áreas”, comentou Simone Miketen, gestora da APA Capivari-Monos, zona sul do município.

Entre as diretrizes importantes estão a criação de um documento contendo os entraves para os incentivos financeiros ao produtor hoje, e a necessária articulação entre Ministérios, Banco do Brasil e programas estaduais, a exemplo da Câmara Setorial de Agricultura Ecológica que já existe no Estado de São Paulo, podendo incorporar o Projeto Guarapiranga Sustentável como piloto para as boas práticas em todo o Estado.

Saiba mais em: www.sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam2/Default.aspx?idPagina=7611

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