Instituto Auá marca presença na Bio Brazil Fair aproximando Cambuci e produtos orgânicos da demanda para alimentação escolar

O Instituto Auá esteve presente na Bio Brazil Fair, maior feira de produtos orgânicos da América Latina, entre os dias 10 e 13 de junho, disseminando o trabalha da Banca Orgânica e o esforço da Rota do Cambuci para valorizar o fruto nativo da Mata Atlântica. “Mapeamos novos produtores de São Paulo e pudemos entender melhor como estão as políticas públicas para a gestão da produção orgânica, especialmente o trabalho de articulação com a prefeitura para o serviço de fornecimento à alimentação escolar”, diz Vinicius Santos Rocha, gestor da Banca Orgânica.

Segundo ele, o empreendimento está diretamente envolvido com a estruturação dos produtores e não tem como ficar de fora desse debate. Assim, a aproximação entre agricultores orgânicos, prefeitura e agentes envolvidos na alimentação escolar foi marcante na feira, especialmente no 1º Encontro de Produtores Orgânicos para o abastecimento da Alimentação Escolar, com realização pelo Departamento de Alimentação Escolar do Município de São Paulo (DAE). A equipe da Banca Orgânica e da Rota do Cambuci estiveram presentes do encontro.

Para além da visão mercadológica, o objetivo foi mostrar que o alimento saudável pode chegar à mesa de milhões de cidadãos, mudando hábitos e promovendo transformação no comportamento alimentar.

A partir de 2012, o DAE realizou a primeira compra pública da agricultura familiar, que representou só 1% dos recursos repassados pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). Em 2013, esse número subiu para 7%, incluindo arroz e sucos integrais, e em 2014 o repasse foi de 17%, com a compra de feijão e arroz orgânico, sucos e banana de comunidades do Vale do Ribeira – novidade por ser o primeiro produto in natura, cuja logística mostra-se mais complexa.

“E 2015 já contou com chamadas para alimentos inéditos, como a carne suína, o iogurte ou a farinha de mandioca, sempre da agricultura familiar. Agora o desafio é fazer com que o alimento na escola represente um tema também na sala de aula, influindo na educação das crianças”, reforçou Danuta Chmielewska, assessora do DAE.

O formato de chamada pública atual, que também será usado na compra pela Lei da Alimentação Escolar Orgânica, não tem o critério preço como definidor e sim a localização dos agricultores, primeiramente no município e depois no Estado, a origem de assentamentos e comunidades tradicionais, a produção orgânica e o número de agricultores envolvidos na cooperativa. Danuta coloca ainda que as características do produto, a quantidade e a forma de entrega, serão analisados no contrato de compra.

A experiência da COOTAP – Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre, trazida por Nelson Krupinski, também merece destaque por ser inspiradora para produtores de matérias-primas agroecológicas que queiram fornecer alimento saudável, com dicas preciosas como: a importância da relação com a prefeitura, que faz o diálogo com as merendeiras e alunos, ou a importância da autonomia dos agricultores quanto à decisão do plantar e fornecer à cooperativa.

Com 15 anos, a COOTAP tem o arroz orgânico como carro-chefe, envolvendo 522 famílias em área de 4 mil e 800 hectares de cultivo certificado. Os preços são decididos pelo grupo, mas hoje os agricultores orgânicos da COOTAP recebem 15% a mais do que o convencionais.

“O contrato de compra pública permite organizar a cadeia de trabalho. Hoje a agricultura familiar tem grande potencial de fornecimento em escala, um contrato com a prefeitura de São Paulo representa um efeito gigante”, comentou Nelson.

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