Especial Dia da Mulher: mãos femininas produzem cores, rendas e texturas em papeis artesanais

A conversa entre as integrantes do Papel de Mulher sobre novos produtos mostrou que o progresso nas criações do grupo vai bem além das datas comemorativas. Elas iniciaram 2014 com nova disposição, percebendo que a qualidade de seu trabalho permite apostar num ritmo maior de produção, na ousadia criativa dos papeis e na ampliação dos mercados. A principal mudança está no interior de cada uma, e isso se reflete no planejamento: esperam produzir 5 mil folhas recicladas até julho e, a partir daí, produzir apenas agendas, sabendo que o segundo semestre deste ano pode pagar o primeiro do ano que vem.

As líderes do empreendimento reconhecem que seu material tem saída e isso se comprova na procura percebida no fim de 2013 e início de 2014, com uma produção inédita de 863 agendas. Dessas, 163 foram vendidas no boca-a-boca, e na feira solidária do CESEEP (Centro Ecumênico de Serviços de Evangelização e Educação Popular), em janeiro, na PUC de São Paulo.

“Foi uma surpresa notar também que já produzimos 550 folhas, tamanho 40 X 50 centímetros, em apenas um mês de trabalho esse ano! Nossa forma de atuar mudou”, conta Betania Maria Carvalho Pádua. O potencial de viabilidade do empreendimento foi reforçado pelo consultor Osni Gomes, da Sociedade Santos Mártires, que em 2013 revelou ao grupo sua capacidade de realização e elevou sua autoestima, à época bem frágil. “Percebemos que somos capazes não só de fazer mas também de vender, o que nos possibilitou ter como meta a geração de renda para todo o grupo até o final de 2014”, coloca Judite Maria de Barros.

No final de 2013, as três integrantes do Papel de Mulher ministraram 29 oficinas entre setembro e novembro, em instituições parceiras, o que é um foco importante de divulgação do trabalho.

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Segundo Selvina Maria da Silva, o grupo trabalha com base na economia solidária e cooperativa, o que não significa desconsiderar o lucro, e sim ter ganhos financeiros com respeito à saúde de cada uma e do ambiente em que vivemos.

Há um bom tempo, essas mulheres vêm inventando estilos e dando cara própria a seu trabalho, descobrindo, por exemplo, que confetes misturados à massa de papel são bem recebidos pelos clientes, e que cores fortes em papeis reciclados são um atrativo a mais. Rendas no papel também dão um charme único ao resultado final, assim como a lisura que conseguiram obter no material que fabricam.

“Trabalhávamos só com tons pasteis, usando branco, bege e cascas de cebola. Havia certa resistência em mudar, mas aprendemos que é possível brincar, testar imagens, texturas, e principalmente, usar capa e contracapa em cores diferentes, o que é a marca do Papel de Mulher hoje”, revela Betânia.

No mês que se comemora o Dia da Mulher é importante reforçar o valor da expansão desse tipo de iniciativa, caracterizada pela delicadeza feminina. Em fevereiro, o grupo iniciou um rico trabalho de autoconhecimento com a consultora Ondalva Serrano, da AHPCE, e confirmou o que já sabia, que o conhecimento do valor de cada um é chave para o planejamento estratégico do grupo.

“É um processo de cura, de resgate da autoestima e fortalecimento da capacidade criativa, o que vivenciamos desde o curso de papel reciclado, ainda em 2007. Foi a partir do respeito a cada uma, a nossas histórias de vida e a nosso jeito de ser, que construimos o Papel de Mulher. Aqui, nos apoiamos mutuamente”, finaliza Selvina.

Agora, elas esperam resposta para o esforço que passaram a empreender desde 2013: divulgar o Papel de Mulher para conhecidos, fornecedores, ONGs e empresas do comércio local do Jardim Ângela, bem como para o interior de São Paulo até outros Estados, por meio de oficinas de papel artesanal.

Saiba mais: www.papeldemulher.com.br

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