Diversidade alimentar brasileira chega ao maior encontro mundial do Slow Food e Cambuci é carro-chefe

Entre os frutos mais consumidos pelos brasileiros, como banana, laranja e mamão, talvez só a goiaba represente um fruto original da Mata Atlântica. A diversidade encontrada nos biomas é enorme, muitas espécies ainda são vistas em pomares e mesmo em áreas que resistiram à urbanização, mas não no cardápio do dia a dia. Poucos paulistas conhecem o Cambuci e, por isso, sua ida ao Terra Madre, maior encontro do movimento Slow Food, na Itália, representa um caminho de volta: a busca por valorizar no mundo o que precisamos reconhecer aqui dentro.

“Estamos levando dezenas de alimentos artesanais e espécies nativas, chamando atenção para que sejam conhecidos pelo olho estrangeiro e, sobretudo, pelo próprio morador da terra. O Cambuci representa os frutos da Mata Atlântica do Sudeste, primeira floresta a sofrer com a devastação, mas também onde estão as maiores cidades, restaurantes e grandes cozinheiros. No mundo todo, é crescente o movimento de se voltar para os próprios recursos, buscar os ingredientes menos convencionais e que deixamos de usar”, destaca Marcelo Podestá, facilitador regional do Slow Food Brasil.

De fato, o Terra Madre, que acontece entre 22 e 26 de setembro, na cidade de Turin, envolve os produtores e os responsáveis diretamente ligados à cadeia desses alimentos, a exemplo do Instituto Auá ou da Central do Cerrado, que levam derivados de Cambuci, Baru, Pequi e outros tesouros para o público de 5 continentes. “Pessoas que lidam com a terra e com os recursos naturais são chave na missão de não deixar que esses produtos se percam”, reforça Podestá.

Do Brasil, aproximadamente 80 delegados de diferentes regiões trazem riquezas como como o Maracujá-da-catinga, Berbigão de Santa Catarina, Cervejas artesanais, Goiabada cascão de São Bartolomeu, Licuri, Baru, Vinhos naturais do Sul, Coquinho azedo, Peixes brasileiros, Guaraná da Amazônia, Mel de abelhas nativas, Queijos artesanais, Butiá, Cambuci, Cacau de cabruca e Pimentas de Minas Gerais, entre outras joias.

Uma diversidade de idiomas, cores e conhecimentos tradicionais também se misturam em torno do alimento limpo e justo, com representantes de mais de 100 países no encontro. A intensa programação de palestras e oficinas trata de temas relevantes para a soberania alimentar dos povos, como “A agroecologia pode alimentar o mundo?”, “Agromáfia e falsificação da comida” e “Um outro mundo é possível e necessário”.

E os três objetivos do encontro inspiram ainda mais a produção alimentar artesanal: Como se tornar agricultor, por meio das comunidades de agricultores e pescadores do mundo inteiro; Como se tornar coprodutor, enfocando os consumidores, já que comer é um ato agrícola; e Como se tornar jardineiro, sobre como conhecer, amar e cultivar a terra.

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slowfood_terramadre

 

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