DIA DA CONSERVAÇÃO DO SOLO

Dia 15 de abril comemoramos o dia da Conservação do Solo. É importante lembrar de “quem” nos aguenta todos os dias, possibilitando que plantemos nossos alimentos, construamos nossos lares, locais de trabalho e lazer, estrutura de transportes, etc.  Importante pois, parece que nossa sociedade está esquecendo o valor do solo… E pagando caro por isso!

Inicialmente, vale ressaltar a importância dos ecossistemas para o bem-estar humano, provêm os chamados “serviços ecossistêmicos”, que são os benefícios que o ser humano obtém da natureza. Já abordamos os serviços de provisão e regulação de água; provisão de madeira; provisão de produtos bioquímicos e medicamentos naturais; e regulação da qualidade do ar. Agora vamos abordar dois outros serviços diretamente ligados a data comemorativa em questão: o serviço de suporte de formação de solos e o serviço de regulação de processos geohidrológicos de erosão, escorregamentos e inundações.

Graças à processos interativos entre água,  ventos, minerais e seres vivos (plantas, animais, microrganismos), os ecossistemas formam os solos. Assim, fica claro que precisamos dos ecossistemas para termos “um chão” para plantar e construir.

Mas não basta a formação do solo se não cuidarmos bem dele. Quanto mais uso e ocupação inadequados, piores resultados para nosso bem-estar. A atividade humana pode ocasionar a contaminação dos solos, tornando-os impróprios para uso. Um mapa de 2012 da CETESB mostra essa situação alarmante, no Estado de São Paulo. Esse mapa está subdividido em bacias hidrográficas. Os pontos de cor amarela correspondem às áreas contaminadas (1925 áreas); vermelho às áreas contaminadas sob investigação (1320 áreas); azul às áreas em monitoramento para reabilitação (985) e  verde são as áreas reabilitadas (342). Percebe-se que o grande problema está na Bacia Alto Tietê, onde está localizada a maior parte da Região Metropolitana de São Paulo.

mapa

Fonte: CETESB <http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/areas-contaminadas/2012/mapa.jpg>. Acesso em 14/04/2014.

Os ecossistemas também contribuem para diminuir os riscos de desastres muito comuns no verão das áreas urbanizadas: deslizamentos e inundações. É muito comum no início do ano o show de horrores veiculados pelos os meios de comunicação, por ocasião das fortes chuvas de verão: casas destruídas por enxurradas, carros boiando pela cidade, pessoas carregadas por córregos em fúria, empresas contabilizando enormes prejuízos causados por inundações.

Tudo isso é ocasionado pela ocupação inadequada. O solo impermeabilizado (coberto por cimento e asfalto) não permite que a água seja absorvida pela terra, aumentando a possibilidade de inundações. Por isso, a importância das margens de rios estarem livres de ocupação e impermeabilização é alta, pois é essa área de várzea  que permite que as águas da cheia de um rio ou córrego escorram para camadas internas do solo e não para as ruas e casas.

Nas encostas, a presença de vegetação permite que a raiz das plantas “segure” a terra, não deixando que ela seja levada pelas chuvas. Quanto mais se retira a vegetação dessas áreas, menos seguras ficam.

Não por acaso, nosso Código Florestal traz restrições à ocupação nesses tipos de áreas. O caso da cidade de São Paulo é bem ilustrativo dessa problemática. Segundo dados da Prefeitura de São Paulo e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), obtidos a partir de uma pesquisa realizada em 2010 (http://www3.prefeitura.sp.gov.br/saffor_bueiros/FormsPublic/serv14AreasRisco.aspx), há na cidade, 407 áreas de risco de escorregamentos e inundações, localizadas em encostas e margens de córregos, correspondendo a 13,5 km2 ou 0,9% do município. Um grande problema dessas áreas é seu grande adensamento: muita gente morando num espaço pequeno e inadequado para ocupação. Resultado: quando as fortes chuvas causam estragos, muita gente sofre, principalmente as comunidades social e economicamente menos favorecidas, que ocupam justamente as encostas de morros e margens de córregos.

Além dos transtornos causados tanto por contaminação de solos quanto por inundações e escorregamentos, é preciso lembrar dos custos envolvidos na resolução desses problemas. Menos ecossistemas significam mais recursos financeiros necessários para recuperar perdas.

Então, vamos pensar mais sobre onde pisamos, exigir mais cuidados com os Planos Diretores de nossas cidades, mais responsabilidade das empresas que ocupam áreas inadequadamente e no lixo jogado a esmo pelas pessoas. Ao final, a conta dos estragos é paga por nós mesmos!

Mais informações sobre estes serviços ecossistêmicos estarão disponíveis nos capítulos sobre Serviços Ecossistêmicos de Regulação de Processos Geohidrológicos, coordenado por Antonio Manoel dos Santos  Oliveira (professor da Universidade de Guarulhos), e Serviços Ecossistêmicos de Suporte – Biodiversidade, coordenado por Natália Macedo Ivanauskas (pesquisadora do Instituto Flroestal), que fazem parte do livro “Serviços Ecossistêmicos e Bem-estar Humano na Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo”, organizado pela AHPCE, Instituto Florestal e Fundação Florestal.

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