Controle social como caminho para política de direitos e superação do assistencialismo

Ao abrir a oficina do Projeto Linha de Costura com o vídeo “Tecendo redes de paz”, a assistente social e terapeuta da família Maria Iannarelli fez despertar nos participantes o sentido do acolhimento, das relações amorosas e da verdadeira cultura da paz. Com mais de 30 anos de atuação na área, ela conduziu a oficina sobre “Estratégias de Trabalho e Controle Social”, em 10 de dezembro, resgatando princípios da assistência social como garantia de direitos de toda a sociedade.

Após o grupo se conhecer melhor – sendo composto em boa parte dos profissionais que atuam na assistência direta e com mais de 5 anos na área – foi possível refletir sobre conceitos como o da resiliência, ou a capacidade do ser humano em transformar sofrimento em respostas positivas, e os perversos “ciclos da violência”, em que indivíduos repetem padrões violentos oriundos da própria relação familiar.

“Devemos romper com a visão de atender somente a vítima, para trabalhar também a condição do agressor e da família. Qualquer que seja o caso, se não for buscado o envolvimento das famílias, o ciclo não irá se romper. Atenderemos sempre os sintomas e não as causas da violência”, expôs a assistente.

Os participantes também foram levados a questionar a diferença entre assistencialismo e assistência social, e como os profissionais da rede de proteção podem mostrar aos usuários que existem outros caminhos de emancipação e autonomia. Para o técnico Aslam, a precariedade dos serviços dificulta a humanização do atendimento, e pensar a assistência social como política de direito é ainda um desafio, “normalmente o usuário é atendido com o que há de disponível no equipamento”.

Segundo Maria, as necessidades humanas passam pelo atendimento básico (fisiológico), de segurança, de relacionamentos e amor, até a autoestima e a realização pessoal. “Todos os níveis são importantes e não basta a ação assistencial ter seu foco na necessidade básica, sem buscar o planejamento do trabalho para os direitos integrais do ser humano. E esses serviços só poderão ser fortificados com conselhos de direitos fortes”.

Carol Zanoti, da equipe de coordenação do Linha de Costura, reforçou a importância de transformar o processo das oficinas em elaboração de propostas concretas, que permitam “ocupar” o município, com a valorização da assistência social nas escolas, CRAS, CREAS, Conselho Tutelar e outros espaços.

Ao final, todos se dividiram em grupos para responder às questões: conhecem bem o território onde atuam? O que posso fazer para o empoderamento do ‘outro’ no meu dia a dia?

Segundo a técnica Ismari, do CRAS Jardim Bonança, “a maioria conhece o território e sabe onde os serviços estão mapeados. Mas falta ir conhecer de perto, buscar referências locais e, principalmente, fazer um diagnóstico das características da região, a faixa etária dos atendidos, o tipo de problema social que enfrentam”.

“Somos a porta de entrada para os casos emergenciais, mas cabe a nós romper com o assistencialismo e apontar os direitos dessas pessoas”, destacou um dos grupos. Segundo Carol, ao longo das oficinas será importante buscar reconhecer as fortalezas do território e onde estão as pessoas com potencialidades para contribuir com essa rede que está se formando.

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